Esta semana estivemos à conversa com Victor Dias, o responsável pelo Boteco Dona Beija em Lisboa e este foi o resultado. Esperemos que gostem!
Comida Brasileira ou Italiana? Brasileira
Coxinha ou pão de queijo? Pão de Queijo
MPB ou Bossa-nova? Bossa-Nova
Um bom livro ou Netflix? Hoje em dia Netflix, já não tenho tanta cabeça para ler apesar de gostar muito
Ronaldo O Fenómeno ou Ronaldinho? Ronaldinho
Dona Beija ou Gabriela? Dona Beija
Vinho ou Cerveja? Cerveja, bem gelada
Portugal ou Brasil? Hoje Portugal, mas sem perder a brasilidade
Quindim ou Gelado? Quindim
1. Victor, qual é o seu prato preferido?
O meu prato preferido é Feijoada. Eu tenho até um porquê emocional.. Era o prato que a minha mão fazia nos aniversários e tudo mais, era o prato que unia a família.
2. O que é que a faz gostar tanto de comida sem ser o facto de satisfazer o apetite?
Eu acho que a comida é uma coisa de partilha, une as pessoas. É um pouco o que nós criamos lá no Boteco, é um ambiente de partilha. A comida é um ponto de união, é por isso que é interessante.
3. Quando e como é que começou este projeto?
Começou em 2018, eu já estava em Portugal há 4 anos e tinha muitas saudades do Brasil, então foi a minha saudade que trouxe o Dona Beija para cá.
O boteco é um ambiente muito presente na vida de um brasileiro — porque é o lugar do Happy Hour, de encontrar os amigos, do dia-a-dia mesmo — e não tinha nenhuma opção similar aqui onde pode-se só tomar uma cerveja, encontrar os meus amigos (sem ser jantar formal) com conforto. Por isso foi a minha saudade do Brasil e do boteco que fizeram trazer o Boteco até Portugal.
4. Quais foram os maiores desafios a criar este projeto?
Primeiro eu não sou da área, só sei (mais ou menos) fritar um ovo. Por isso foi um grande desafio.. Eu sou da área de Marketing, uma área que sempre foi muito divertida para mim. Mas aprender a gerir um restaurante ao principio foi difícil. Aprendi muito com este projeto. Mas o mais importante é confiar numa equipa boa, acho que é isso que nós tentamos fazer todos os dias. E para nós o grande desafio foi depois de todo o sofrimento de obras e inauguração não ter conseguido abrir aos poucos, abrimos em pela Copa do Mundo, 4/5 dias já lotados, todos os dias. Foi um grande desafio mas que deixou-nos já prontos para existir.
5. Porquê Dona Beija e Nonna Beija?
Foi uma amiga minha portuguesa que sugeriu o nome. Não tem muito a ver com a história da novela nem nada, foi mais pela sonoridade. A Dona Beija trás essa sonoridade do Brasil para Portugal sem ser do jeito óbvio. Tem um que de dona e um quê de família, apesar de a história não ter nada a ver com isso. É muito pelo som, por lembrar do Brasil e lembrar acolhimento que era o que nós queríamos.
6. Como nasceu o Nonna Beija?
O Nonna Beija nasceu do misto de duas coisas. Primeiro da necessidade de ampliar o nosso trabalho de Delivery e Takeaway, a pizza é um produto que funciona muito melhor como Delivery/Takeaway do que o Boteco, o Boteco é muito a experiencia — da comida, da caipirinha, da musica, da partilha — e a pizza é o alimento de conforto e comodidade, é mais fácil de comer em casa. Por isso o Nonna Beija nasceu em primeiro disso, de nós procurarmos alternativas e segundo, pelo mesmo motivo que abri o Boteco, foi a saudade da pizza do Brasil. A Pizza no Brasil é um icon, é uma evolução, uma alteração da pizza italiana, tinha de a trazer para cá.
7. Qual será o maior desafio para este ano?
Reconstruir, não é? Diria reconstrução.. Espero que não fechemos mais nenhuma vez. É o ano de reerguer o Boteco do tombo que foi esse ano para todos. Nós conseguimos sobreviver graças à equipa que temos e aos clientes que nunca nos abandonaram. Mas é um ano de reconstruir, de inovar, de voltar ao caminho que estávamos antes da pandemia.
8. Quais foram as maiores tendências ou alterações que viu na industria até agora?
A 1ª (e óbvia) foi o crescimento do Delivery e Takeaway em Portugal. Noutros mercados como o brasileiro já existia uma presença mais forte do Delivery antes disto, aqui é mais recente. Mas foi óbvia a transformação do consumo.. As pessoas pedem mais para casa.
E 2ª, eu senti também uma aproximação das marcas com os clientes, talvez isto deixou uma relação mais próxima, mais quente. Principalmente para alguns clientes nossos que eram habituais ou se tornaram habituais pela relação de amizade e proximidade que foi desenvolvida com eles neste período, e isso é bem bacana de ver, de quando nós reabrimos e recebemos as pessoas, elas estão felizes por estarem lá e serem parte do Boteco.
9. Quais as tendências que acha que se vão manter depois do Covid-19?
Acho que vai ser muito difícil nós nos habituarmos a ter lugares muito lotados como antes. No Boteco nós tínhamos umas mesas muito próximas umas das outras, isso agora já não vai poder ser.
Ao mesmo tempo há uma saudade muito grande de as pessoas se juntarem com os amigos, por isso lugares que privilegiam isso vão ser também uma tendência muito forte.
A experiencia no restaurante, não vai ser mais isso de chegar, jantar e ir embora. A experiencia de comer fora de casa tem de ser mais do que isso — comer. Porque para isso as pessoas recorrem ao Delivery e estão em casa, mais confortáveis. Têm de haver uma questão de experiencia ainda maior do que já havia antes.
E acho que é isso, ter motivos para as pessoas irem para a rua — a criação de eventos, de noites temáticas, de novidades — isso também vai ter de ser mais presente do que antes.
10. Qual vai ser a estratégia para compensar as perdas deste último ano?
O primeiro grande desafio é a situação das mesas — porque estamos com metade delas — vamos ter de conseguir gerir a demanda conseguindo criar alternativas para as pessoas irem todos os dias e não foquem naqueles dias em que toda a gente gosta de ir. Nós temos de criar alternativas, em eventos, em dinâmicas especiais para os outros dias da semana, para os dias de manhã em que nós não trabalhávamos.. A nossa ideia é maximizar o tempo em que estamos abertos para receber o máximo de gente possível para não depender dos fins de semana. O nosso plano passa muito por ai, de manter o que funcionou — o Delivery e Takeaway — para continuar a nossa receita mas conseguir amplia-la em dias/noites mais fracas, e conseguir aproveitar melhor o espaço que temos.
11. Visto que é cliente da eStart4, o que é que gosta mais (na plataforma)?
Para mim é a facilidade de não me ter de preocupar em como é que está a correr o serviço para o meu cliente, porque sei que vai te uma experiencia muito boa — vai pedir com facilidade e vai receber o pedido rapidamente — fica muito simples. As minhas plataformas de Delivery anteriores tinha sido eu mesmo a criá-las, por isso sempre tinha de fazer uma manutenção, sempre tinha de fazer alguma coisa e a eStart4 tirou-me grande parte do problema da frente, é mais prático.
12. Que factores pensa serem indispensáveis para o sucesso de um restaurante?
Acho que o primeiro é o trabalho em equipa, um restaurante é muito dependente da equipa. Desde do extra que um dia lava os pratos e outro dia atende o cliente até às pessoas que são responsáveis pela operação. E acho que isso tudo se mostra muito claro, eu vi a minha equipa variar muito de energia, de animo ao longo desse ano, estarem mais felizes por abrir ou preocupados.. e isso passa para o cliente. Daí achar que muito da atmosfera do restaurante vem da equipa.
Segundo é a gestão, penso que as pessoas tem de estar felizes de estar ali mas saber como gerir. É a parte mais humana e do outro lado a parte mais numérica que também é fundamental para o negócio funcionar.
13. Olhando para o futuro, o que espera que a vida lhe traga em breve ?
Eu acho que toda a gente está muito esperançosa de que consigamos passar esta fase de aprendizagem, que possamos virar a página deste capitulo e que possamos ter dias mais prósperos.. De porrada como dizemos no Brasil, já nós apanhamos muita.. Aguentamos mas agora é hora do Rockie Balboa levantar. Espero isso, espero que tenhamos forças para levantar, para voltar a crescer, para dar seguimento aos sonhos que todos temos ali quando criamos o Boteco Dona Beija, e agora o Nonna Beija que nasceu durante a pandemia. Então a ideia é conseguir reunir forças para dar o salto e retomar o caminho que nós tínhamos, com a aprendizagem que tivemos agora e com alegria e energia porque já me cansei de ficar fechado.